quarta-feira, 26 de setembro de 2007














| black & white | dark & bright | free & tight | real thing or what a lie ! | black & white | wait for a while...| then stay by...| dance with me| give me your black tie| or goodbye...!| black & white |






.Robert Longo - Men in the cities, 1981 .






.flashes. black & white. flashes. crashes. black & white.crashes.
.bipolar movements. disturbing narrations.
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.New Order - Bizarre Love Triangle.
.Videoclip realizado por Robert Longo.








.kraftwerk. :). 80's :) para o joão.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

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[triste é o amor da árvore que vive sozinha:
perdeu o fruto, perdeu a folha, perdeu a ave
e a menina do baloiço]
...
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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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...............[ os momentos de felicidade querem-se serigráficos ]

.......................................imagem ainda por definir





mm

domingo, 23 de setembro de 2007

Au Revoir Simone

.Sad Song.



agenda-se: 5/12 . noite de algodão doce no Santiago Alquimista.
confirmadérrimo aqui
*

.stay golden.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Chiaroscuro

JJJJJJJJJJJJJJJJJJ

de muitas coisas se pode morrer

em veneza

de velhice de susto

de peste

ou de beleza.


Jorge de Sousa Braga


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John Cage - Daughter of the Lonesome Isle


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.................[paisagem branca]






quinta-feira, 20 de setembro de 2007

"Silencio..."




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"no hay banda. il n'y a pas d' orchestre. there is no band. it is all a recording"
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Este mar









."o amor é não haver polícia".


Publicidade



"Paris, Texas", 1984

.Wim Wenders.

O mimo, museu da imagem em movimento e a fotógrafa Maria Kowalski, irão levar a efeito um Workshop de “Fotografia no cinema”.

Este workshop terá lugar no Centro de Recursos Multimédia - mimo, museu da imagem em movimento - Centro Cultural Mercado Sant’Ana, nos sábados 6, 13 e 20 de Outubro das 14h30 às 19h30 e sábado, 27 de Outubro das 14h30 às 18h30.

São objectivos principais desta iniciativa, realçar a importância da imagem fotográfica no cinema, incentivar o espírito crítico relativamente à imagem fotográfica utilizada em cada filme, orientando uma reflexão sobre a intenção e a execução ao nível da imagem. Pretende-se também abordar a fotografia, numa perspectiva da estética no mundo cinematográfico.

Cada participante deverá possuir uma máquina fotográfica (digital ou analógica), mas que tenha função manual (obturação e/ou diafragma).




apareçam !! o valor da inscrição ronda os 75 euros ;)
aos alunos com aproveitamento será entregue um certificado de participação!



sábado, 15 de setembro de 2007

!

bbbbbbbbbbnnnnnn
Anna Karina e Jean-Claude Brialy em Une femme est une femme, 1961



- Angela, tu es infâme.

- Non, je ne suis un femme. Je suis une femme.







«I don't think you should feel about a film. You should feel about a woman, not a movie. You can't kiss a movie.»

. Jean-Luc Godard.



Sonho(s) de uma noite de Verão

hhhhhhhhh

U.A. Playhouse, New York, 1978

Avalon Theater, Catalina Island, 1993

Union City Drive-In, Union City, 1993

Los Altos Drive-In, Lakewood, 1993

.Hiroshi Sugimoto.


o cinema, dizia André Bazin, substitui o nosso olhar para oferecer um mundo que se adeque aos nossos desejos

Hiroshi Sugimoto


«I am a habitual self-interlocutor. One evening while taking photographs at the American Museum of Natural History, I had a near-hallucinatory vision. My internal question-and-answer session leading up to this vision went something like this: "Suppose you shoot a whole movie in a single frame?" The answer: "You get a shining screen." Immediately I began experimenting in order to realize this vision. One afternoon I walked into a cheap cinema in the East Village with a large-format camera. As soon as the movie started, I fixed the shutter at a wide-open aperture. When the movie finished two hours later, I clicked the shutter closed. That evening I developed the film, and my vision exploded before my eyes.»

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Maya Hayuk - incontornável.



hhhhhhh
.Maya Hayuk.


pintura, fotografia, desenho e ilustração num espaço admirável


Red Roses. Dead Roses?

Wrapped Roses, 1967

.Christo.



Poderá a iconoclastia no romantismo

asfixiar o amor?



.*.

Rosa-vivo-encarnado#3

ggggggggggggg

.a doçura do rubor cálido.



Air - Playground Lover

Rosa-vivo-encarnado#2


oh! quanto è pazza colei que vi crede!



notte e di v'amo e v'adoro.
cerco un si per mi ristoro;
ma se voi dite di no,
bell' ingrata, io morirò.

fra la speranza
s'afflige il cuore,
in lontananza
consuma l'hore;
si dolce inganno
che mi figura
breve l'affanno,
ah! troppo dura.
cosi per tropp' amar languisco e muoro

notte e di v'amo e v'adoro.
cerco un si per mi ristoro;
ma se voi dite di no,
bell' ingrata, io morirò.

zerbinetti, ch'ogh'bor con finti sguardi,
mentiti desiri,
fallaci sospiri,
accenti bugiardi,
di fede vi pregiate,
ah! che non m'ingannate,
che già so per prova,
ch'in voi non si trova,
constanza ne fede;
oh! quanto è pazza colei che vi crede!

quei sguardi languidi
non m'innamorano,
quei sospir fervidi
più non m'infammiamo;
vel giuro a fè.
zerbino misero,
del vostro piangere
il mio cor libero
vuol sempre ridere,
credet'a me,
che già so per prova
ch'in voi non si trova
constanza ne fede;
oh! quanto è pazza colei che vi crede!


Untitled # 305

...
.Cindy Sherman, 1994.



."ceci n'est pas" un désire ou sentiment.

"ceci n' est pas" plastique

ceci est, seulement, une image mort.

elle n'existe pas.





"rien à faire"

esperei uma hora. u.m.a. hora ... duas horas. d.u.a.s. horas... três horas... t.r.ê.s. horas... quatro horas... q.u.a.t.r.o. horas.
exasperante, pensava em
Godot. G.o.d.o.t.
exasperante, mascava os nervos de sabor a menta. m.e.n.t.a
exasperante, lia
Camus para interiorizar o conceito do absurdo. a.b.s.u.r.d.o
a.b.s.u.r.d.o.

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degustou-se, com desgosto, as quatro horas passadas numa cidadela que poderia ser bonita se não fosse povoada por gente "inha". mesquinha. valeu-me a casa da cultura. um espaço disponível, excepcionalmente simpático e agradável.
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epílogo:

- alors, on y va?
- allons-y.


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Prêt-à-Porter

kkkkkkkkkkkkkkkk
jjjjjjjkkk
.às vezes ando com a minha actriz-fétiche debaixo do braço.
.gosto de
levar à letra o sentido da "apropriação" .




«Em grandes épocas históricas altera-se, com a forma de existência colectiva da humanidade, o modo da sua percepção sensorial. O modo em que a percepção sensorial do homem se organiza - o medium em que ocorre - é condicionada não só naturalmente, como também historicamente. A época das grandes invasões, em que surgiram a indústria da arte do Baixo Império e a Génese de Viena, tinham não só uma arte diferente da da antiguidade como também uma outra percepção. Os eruditos da Escola de Viena, Riegel e Wickhoff, que se opuseram ao peso da tradição clássica, sob a qual aquela arte tinha estado enterrada, foram os primeiros a pensar em tirar dela conclusões relativamente à organização da percepção na época em que ela vigorava. Por mais amplo que fosse o seu conhecimento, tinham limites que consistiam no facto deste investigadores se contentarem com a característica formal, específica, da percepção na época do Baixo Império. Não tentaram mostrar - e talvez não pudessem esperar consegui-lo - as transformações que foram expressas nestas transformações da percepção. Actualmente as condições para tal entendimento são mais favoráveis. E, se pudermos entender como decadência da aura, as alterações no medium da percepção de que somos contemporâneos, também é possível mostrar as condições sociais dessa decadência.
É aconselhável ilustrar o conceito de aura, acima proposto para objectos históricos, com o conceito de aura para objectos naturais. Definimos esta última como manifestação única de uma lonjura, por muito próxima que esteja. Numa tarde de Verão descansando, seguir uma cordilheira no horizonte ou um ramo que lança a sombra sobre aquele que descansa - é isso a aura destes montes, a respiração deste ramo. Com base nesta descrição, é fácil admitir o condicionalismo social da actual decadência da aura. Essa decadência assenta em duas circunstâncias que estão ligadas ao significado crescente das massas, na vida actual. Ou seja: "Aproximar" as coisas espacial e humanamente é actualmente um desejo das massas tão apaixonado como a sua tendência para a superação do carácter único de qualquer realidade, através do registo da sua reprodução. Cada dia se torna mais imperiosa a necessidade de dominar o objecto fazendo-o mais próximo na imagem, ou melhor, na cópia, na reprodução. E a reprodução, tal como nos é fornecida por jornais ilustrados e semanais, diferencia-se inconfundivelmente do quadro. Neste, o carácter único e durabilidade estão intimamente ligados, como naqueles a fugacidade e a respectividade. Retirar o invólucro a um objecto, destroçar a sua aura, são características de uma percepção, cujo "sentido para o semelhante no mundo" se desenvolveu de forma tal que, através da reprodução também o capta no fenómeno único. Assim, manifesta-se no domínio do concreto o que no domínio da teoria se torna evidente, com o crescente significado da estatística. A orientação da realidade para as massas, e, destas para aquela, é um processo de amplitude ilimitada, tanto para o pensamento como para a intuição (...).
(...) Porque: as tarefas que são apresentadas ao aparelho da percepção humana, em épocas de mudança histórica, não podem ser resolvidas por meios apenas visuais, ou seja, da contemplação. Elas só são dominadas gradualmente, pelo hábito, após a aproximação da recepção táctil (...). A recepção na diversão, cada vez mais perceptível em todos os domínios arte, e que é sintoma das mais profundas alterações na percepção, tem no cinema o seu verdadeiro instrumento de exercício.»


Walter Benjamin
in "A Obra de Arte na Era da sua Reprodutibilidade Técnica", ensaio publicado em 1936

Strange love


Once I had a strange love, a mad sort of insane love,
a love so fast and fierce I thought i’d die,
yes once I had a strange love,
a pure but very pained love,
a love that burned like fire through a field
Oh once I had a strange love,
a childlike but derranged love,
a love that if were bottled it would kill.

See once I had a strange love,
a secret and untamed love,
a love that took no prisoners at all
And once I had a strange love a psychic unexplained love,
a love that challenged scientific facts
And then there was that strange love,
that very badly trained love,
a love that needed discipline and facts
Once I had a strange love a public acclaimed love,
the kind of love that’s seen in magazines.

And once I had a strange love,
a beautiful but vained love,
a love I think it’s better left in dreams
And once I had a strange love,
a morally inflamed love,
we’d go on holy battles in the nights
And then there was that strange love that vulgar and profane love,
the kind of love that we don’t talk about

Yes, once I had a strange love,
a lying infidel love,
who wove in stories like Sherazade
And once I had a strange love,
a flaky white kinky love,
we ran so fast we almost spilled our guts...

You see i’ve had some strange love,
some good, some bad, some plain love, some so-so love, and c’est la vie…
but just let me proclaim that,
out of all the strange love
you’re the strangest love I’ve ever known….

.Little Annie.

.catarse.

Intervenção divina



.Elia Suleiman.




.dadaísmo em cena.corrosivo.irónico.
subversivo.
polissémico.político.apolítico.
perfeito.
em suma: um dos melhores filmes realizados no séc. XXI, até ao momento.





domingo, 9 de setembro de 2007

La vie c' est épatant



*um miminho*



.da minha nossa senhora de feist.



quinta-feira, 6 de setembro de 2007

indie + punk + electronic + dance + :) + ; P = Klaxons

nnnnnnnnnnnnn

© David Ellis


Klaxons

.vencedores da edição deste ano do Mercury Prize.



.popularuchos? irritantes? e então? merecem aplausos, sim senhor!. :) .

terça-feira, 4 de setembro de 2007

domingo, 2 de setembro de 2007

Impressão sobre natureza - morta

nnnnnnnnnnnNatureza-morta, 2000

Paulo Sebastião


ela queria dar vida aos corpos inertes através da sua fantasia.
pretendia ressuscitar a natureza-morta que se encontrava
asfixiada. desidratada.
pela secura da sala




Sem título, da série "Ensaio para o Esquecimento",1999

São Trindade


o copo de água não conseguiu m|a|t|a|r sua sede
e diluir a densa atmosfera
.quente.
não conseguiu conceder vida à natureza-morta



La Femme, 2000

Vítor Pomar


já que o resultado não foi o cenário desejado
.perfeito.
ela vingou-se:
serviu-se da ventoinha, que agiu e falou por ela
.personificou-se.
.eis a sinestesia da r|e|b|e|l|i|ã|o.



Tínhamos uma ventoinha permeio desligada, desconfortavelmente silenciada, entre nós.
O calor fazia-se sentir no nosso gabinete. Incomodava tanto quanto o silêncio, desconcertante, que censurava cada gesto e movimento meu. Eu não queria perturbar-te. Não queria que qualquer ruído meu pudesse desconcentrar-te.
A vontade de descruzar as pernas era imensa. Mas não tanta quanto o desejo de ser abraçada por ti, de sentir o vigor com que intensamente cinges os rolos dos projectos, esboços, croquis de plantas que diariamente transportas junto ao peito.
Fiz um esforço tremendo para não descruzá-las e não as descruzei! Creio que não foi por causa do eventual ruído que pudesse ocasionar. Perturbando-te. Mas sim, pela cena ordinária vulgarmente identificada com os filmes românticos pipoqueiros. Não, não as descruzei, nem humedeci os lábios, não!
Decidi ter um comportamento racional. Levantei-me, arredei a secretária e fui buscar um copo de água.
Compreendeste o prelúdio desta dança dessincronizada e abriste a janela. Sorrimos em uníssono num compasso finalmente assertivo."Está calor"!
A brisa fresca invade o gabinete, entra-me pelas narinas, ouvidos e pensamentos, passando então a ser cúmplice dos meus intentos. Rouba a minha ira e viola o sossego do gabinete. do nosso gabinete. Mudo.
Foi ela quem perpetrou a primeira contenda - um turbilhão de papéis ficaram dispersos, lápis rebolaram pelo chão, réguas caíram e esquadros estilhaçaram-se...
Juntos apaziguámos este cenário que parecia ser um perfeito pretexto. Tocaste-me, roçaste-me ao de leve com os teus braços... e o inevitável arrepio da minha pele, bem como o rubor do meu rosto não tardaram a denunciar minha fraqueza!

- "Atchim! Perdão". O meu espirro interpelou-me, interpelou-nos. Interpelou este momento. Raios!
- "Santinha"!.
"Santinha"? - pensei eu - podias ter-me chamado de tudo, menos de santinha... não me parecia que este momento fosse o mais apropriado para ser beatificada.

Entretanto, em jeito de sobressalto rompante, o telefone toca, quebrando o sacrilégio desta minha visceral fantasia. Ele atende.
Com uma mão estende virilmente os rolos dos esquissos sobre a sua secretária e com a outra repousa delicadamente o auscultador no ombro e enceta a conversa com a sua voz máscula. prosaica. serena.
Maldito sejas! Por breves instantes quis que o meu corpo fosse rolos de papéis e minha face um estúpido telefone. Fiquei enciumada.
Gaita! Que se lixe! Chegou o momento de ligar a ventoinha para assistir ao lindo espectáculo de ver tudo a "ir pelos ares"!!! Que o ruído ensurdecedor da ventoinha boicote a tua chamada e que a tralha de projectos se dispersem pelo ar!
Peço desculpa pelo incómodo, mas estava demasiado calor.



(a pedido da c.)

:

.
.
esquece-me. quero andar

ao sabor do meu instinto
cultivado na desgraça.

o amor,
- deixa um travo, mas passa.

não tenhas pena.

do alto do meu aprumo
desafio a tua verve:

- para morrer,
qualquer lugar,
qualquer corpo,
e qualquer boca me serve.

António Botto



sábado, 1 de setembro de 2007

Para o service-room da pensão: pretexto



- sete cobertores de pura lã virgem;

- quatro lençóis de linho;

- trêsmm " mmiiide algodão;

- cinco mantas de flanela felpuda axadrezada ;

p.s. solicita-se que todas as camadas de mantas, cobertores e alcochoados dispostas sobre a cama sejam encimadas por dois edredons de penas, após o que será de sobrepujar a composição em causa com uma manhosa colcha de renda (dispensa-se a imaginária do menino jesus deitado sobre o coxim ou almofada).

.
quero apenas 23 bons motivos para me sentir |a|s|f|i|x|i|a|d|a|

mmmmmmmmm

A terra

granjeia a terra
enterra-te nela
cinge-lhe os flancos
- desbrava os sinuosos vales
e relevos da paisagem -
oferece-lhe a tua vigorosa e telúrica coragem
antes que amanheça
e ainda que da tua semente não brote fruto,
rega-a com abundância
para que ela não esmoreça.


mmmmmmmmmm

Os meus pés tingiram-se de luto. Sujidade foi a cor da sedução.

.Dentro de mim, 2000.

.Seduzir, 2000.



.Seduzir#2, 2000.
.Helena Almeida.


sempre que entrava em tua casa, descalçava-me.
decalcava cada recanto da tua casa com os meu pés.
as marcas de suor que deles exalavam tatuavam o teu chão, deixando-te irritado. não conseguias compreender que o que eu mais queria era imprimir a presença física do meu corpo na tua casa. gostava de percorrer a tua casa, descalça, até os meus pés ficarem enegrecidos... até os meus pés ficarem carcomidos pela sujidade que se me entranhava entre os dedos. deixava-te, novamente, irritado. "gosto dos teus pés imaculados, não sejas parva!", criticavas-me tu, prosaica e opacamente.
o tão ansiado beijo da despedida era sempre o mesmo: frio e cerrado - a repreensão supostamente merecida de quem se sentia enojado pelo facto da namorada sair de casa com os pés sujos.
"estás doente"? "estás parva"? talvez...
não conseguias compreender, vislumbrar, perceber, descortinar, enfim... a razão pela qual eu saía sempre de tua casa com os meus pés sujos. "imundos". não conseguias fazer um esforço para compreender os meus intentos.
eu queria, apenas, levar-te comigo. para minha casa. entranhado e cingido entre os meus dedos. na planta dos meus pés, cravejada de vestígios teus. queria trazer para minha casa resíduos teus. partículas tuas. momentos nossos. migalhas do bolo que juntos fizemos; poeiras da terra que foi nossa cama; penas do teu colchão que foi nosso palco. devaneio insano o meu, quando, afinal, tu, querias apenas que eu entrasse pela tua casa adentro, não me sujasse, nem te levasse...
"doente?" por ti. "parva?" aos teus olhos..b.o.ç.a.i.s.



enruga-se cada palavra que escrevo pelo esforço e cansaço titânicos que faço para compreenderes o meu desejo. o meu modesto desejo.
teria cicatrizado cada chaga fendida neste texto, se, tão somente,... me tivesses lavado os pés...




.não quero caminhar mais contigo.





[cansei-me de poluir os meus "imaculados pés"]