.No meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade
minhas retinas tão fatigadas vivem presas aos ponteiros do relógio enquanto o corpo jaz tropeçado no medo. mas quando partes o vidro do silêncio estilhaças meu quebranto. e tudo passa, vai passando, vais chutando, vou brincando, vamos rebolando no meio do caminho como pedrinhas...mas, (que inoportuna palavra!), de novo, quando no meu quarto entro, e em cuja esquina me sento, assisto ensimesmada ao triste espectáculo de sombras que ainda ferem o tabuado corrido, quando meu corpo lá jazia inerte sobre o comprido....
Quando o quando constitui o vórtice do medo.
Quando o quando constitui o vórtice do medo.
7 comentários:
Lindo e muito profundo!Parabéns!
O silêncio e o vazio do quarto não são bons conselheiros. Por que não continuar a rebolar como pedrinha?
As pedras nunca ficam com as retinas fatigadas.
Eu estou aqui.
também eu, tu sabes!*
mas tu sabes o quanto eu gosto do silêncio - enquanto compasso de tempo, de escuta... de espera... de resposta..., e também sabes o quanto eu gosto da intermitência do medo, enquanto um estado invariavelmente temporário!
"ai ai":)
eu também gosto do silêncio. já não do medo. o medo enfraquece, torna-nos vulneráveis. causa insegurança... se no silêncio nos podemos revelar, o medo oprime e encolhe-nos.
tenho de te falar num poema que li algures num daqueles sítios que não deveria visitar. é mais forte do que eu...
não fiz apologia ao medo, nem tenho pretensões de ser sua prisioneira, e tu sabes disso melhor do que ninguém! acho apenas que poderá ser um bom catalisador de fantasmas, enfim... pelo que pode tornar-nos mais fortes, precisamente porque esse sentimento será sempre passageiro e superável!
no que toca ao poema... pois, pois, tenho de ir lá espreitar...
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