quarta-feira, 16 de maio de 2007

O Libertino ainda passeia!


Luiz Pacheco


Tânia Pinto traduz textos do autor para francês ler



...Aguardo, com ansiedade, desenvolvimentos...




2 comentários:

Anónimo disse...

"Politicamente, economicamente, podemos estar numa má altura. Mas há coisas que não voltam para trás. Uma coisa que eu tenho reparado é numas figuras de raparigas que nós nesse tempo não apanhávamos. Há agora um novo tipo de mulher. Mulheres formadas, algumas com dois cursos, com empregos, com uma ginástica de se desenrascarem formidável. São mulheres muito diferentes das do meu tempo. Sabe o que é? Começam a funcionar muito mais cedo. Não haja dúvida nenhuma que a repressão aí era tenebrosa. Fui parar à cadeia 5 vezes por causa disso. Não era bem puritanismo. Era estupidez e a Igreja católica. Eram valores como a virgindade, o pudor... Havia muita hipocrisia. Mas a gente também se governava. Eu fui parar à cadeia porque arrisquei. Se eram virgens? Bem, eu não fui lá ver se elas eram virgens.

Quando uma rapariga é menstruada, a Natureza já lhe dá o estatuto de mulher. Pode ser mãe! Já não é uma miúda, enquanto que um puto de 14 anos pode ser um pateta alegre. Não viveu nada, uma mulher com 14 anos? Essa é boa! Não viveu mas começa a viver! Com a minha primeira mulher, ainda uma menina, eu ia para o pinhal ler e ela fazia uma gracinha que era mandar uma pedrada no livro. Era um assédio sexual! Era a estopa ao pé do lume. Eu disse isso numa entrevista que dei. Sabe o que é que saiu? A sopa ao pé do lume! Agora publicaram isso em livro e já foi emendado. Estas entrevistas gravadas é uma chatice. Às vezes não é nada inteligível. E depois é também uma questão de linguagem. No meu tempo já não havia estopa, isso era uma frase que o meu pai usava. É um português que não é arcaico mas é antigo. Uma rapariga de 30 anos não entende essa linguagem. Ora, a estopa é uma coisa inflamável.

Bom. A vítima, a infeliz donzela, essa nunca se denunciava. Antigamente fazia-se uma coisa que era 'a prova da coelha'. Injectava-se numa coelha urina da presumível grávida e a coelha tinha uma alteração de temperatura ou coisa que o valha. Antigamente, rapazes e raparigas entendiam-se como se entendem hoje. Não tinham era o à vontade que há hoje. Você não faz ideia do pavor que era namorar! Vocês hoje não têm a mínima noção disso. Vocês vivem no paraíso! Mas a grande revolução foi a pílula. Não estou a falar por mim que eu nunca tomei essa porcaria. Detesto isso."

Luiz Pacheco.

sempre lúcido e acutilante.

Lara disse...

e no entanto, foi votado ao esquecimento... é inconcebível!!!
tristes daqueles que o desprezam [eternos putos alegres de 14 anos], pois é bom "passear" com ele e tê-lo como companhia, não achas?:)