terça-feira, 8 de maio de 2007

Segredo-te que


era assim:
      
queres?

queres algo?

queres desejar?

desejas querer?

desejas-me?

desejas querer-me?

queres desejar-me?

queres querer-me?

queres que te deseje?

desejas que te queira?

queres que te queira?


quanto me

queres?


quanto me

desejas?




ah quanto te quero

quando te quero

quando me queres...












Era assim de Ana Hatherly
in "um calculador de improbabilidades"
Quimera
2001
fotografia de Margarida Delgado.

5 comentários:

Anónimo disse...

Vou deixar-te aqui um poema que passou a existir para mim depois de mo teres revelado.
Reza assim:


"Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!"

Ary dos Santos

Lindo. aquilo de que o teu post me fez lembrar.
que inveja... porque é que eu não sei (d)escrever assim determinados momentos?
tantas as tardes longas que já tive. e tantas as noites tão belas que vivi. e não sei descrever-te assim...

noites que só se sentem com esta intensidade quando precedidas por tardes longas.
a ausência aguça o desejo. alimenta o fogo. abrilhanta o reencontro dos amantes.

Lara disse...

nem imaginas o que esse poema me faz sentir quando o ouço...
sinto que é só meu!! e daqueles que o merecem... que são poucos!

Lara disse...

mas partilhá-lo contigo é um prazer minha querida!

Anónimo disse...

como prometido. Wild thing
You make my heart sing
You make everything
Come on, wild thing

Wild thing, I think you move me
But I gotta know for sure
Come on and hold me tight
Oh you move me

Wild thing
You make my heart sing
You make everything
Come on, wild thing

Wild thing, I think I need you
But I gotta know for sure
Come on and squeeze me tight
Oh I need it

Wild thing
You make my heart sing
You make everything
Come on, wild thing

Chip Taylor

o materialismo do desejo. a fome de possuir. de sentir "tudo de todas as maneiras" (como alguém diria)...
i think i need you but i gotta know for sure... a tão falada "química" dos corpos. fundamental.

Lara disse...

ta-ra-ra-ra! a minha música!!!! e cantá-la contigo no messenger é hilariante!!! que momentos!