sábado, 20 de outubro de 2007


algodão doce & limonada ácida com folhinhas de hortelã



O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada:Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A subtileza das sensações inúteis,As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém.Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço,Este cansaço, Cansaço.Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito,Porque eu desejo impossivelmente o possível,Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,Ou até se não puder ser...E o resultado?Para eles a vida vivida ou sonhada,Para eles o sonho sonhado ou vivido,Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,Um supremíssimo cansaço.Íssimo, íssimo. íssimo, Cansaço...Álvaro de Campos.